Aqui, que é o fundo
Do fim do mundo
Livre de tudo
De ter que ser,
Poderei, mudo
De mim esquecer.
Sob o ermo e quedo
Grande arvoredo,
Dormindo experto,
Verei passar,
DE mim liberto,
Meu sonho no ar
Ele é diverso
Do ser disperso
Com que, distinto
De mim sonhei.
Não penso; sinto.
Ignoro: sei.
FERNANDO PESSOA, 5 DE JANEIRO DE 1934
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