segunda-feira, 21 de novembro de 2011

.FAZ HOJE 102 ANOS





Às vezes, em sonho triste,
Aos meus desejos existe
Longínquamente um pais
Em que ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.


Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber
Nessa ilusão de viver
O tempo morre e renasce
Sem que o sintamos correr.


O sentir e o desejar
São banidos dessa terra
O amor não é amor
Nesse pais por onde erra
Meu longínquo divagar.


Nem se sonha nem se vive
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.


FERNANDO PESSOA, 21 DE NOVEMBRO DE 1909

Sem comentários: