Não quero nada, nem palavras, nem verdade,
Umas e outras o que são?
Pedaços cortados da realidade,
Momentos de diástole do coração.
Não quero nada. Pensei até não pensar.
Imaginei até me agarrar de medo
Ao mais pequeno bocado de céu ou de mar,
Só por ser e por isso me não meter medo.
Nexo inútil entre o que sou e quem sou,
Metafísica falsa da sensações mortas...
Não quero nada. Sou um mendigo cego que vou
Batendo, numa vila deserta, a todas as portas...
FERNANDO PESSOA, 13 DE MAIO DE 1932
sexta-feira, 13 de maio de 2011
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