segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

FAZ HOJE 80 ANOS



E o esplendor dos mapas, caminho abstracto para a imaginação concreta, 
Letras e riscos irregulares abrindo para a maravilha. 

O que de sonho jaz nas encadernações vetustas, 
Nas assinaturas complicadas (ou tão simples e esguias) dos velhos livros. 
(Tinta remota e desbotada aqui presente para além da morte,
Ó enigma visível do tempo, o nada vivo em que estamos!) 
O que de negado à nossa vida quotidiana vem nas ilustrações, 
O que certas gravuras de anúncios sem querer anunciam. 

Tudo quanto sugere, ou exprime o que não exprime, 
Tudo o que diz o que não diz, 
E a alma sonha, diferente e distraída. 


ÁLVARO DE CAMPOS 14 DE JANEIRO, DE 1933

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