segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

CIORRECÇÃO DE ERROS DE FACTO - REVISTA "NOVA ÁGUIA"



REVISTA “NOVA ÁGUIA”
Correcção de erros de facto

O número 7 da revista de cultura, “Nova Águia” foi dedicado ao Fernando Pessoa. No entanto esse preito de homenagem, - como assim se esperava -, transformou-se numa deturpação de factos da vida do Poeta.

Chamada a atenção da direcção da revista para esses erros lamentáveis, logo em Maio de 2011, por razões inexplicáveis, o assunto arrastou-se de tal modo que, seis meses, depois, saiu o número 8 da revista sem que a direcção apresentasse nele as desculpas que deve a todos os leitores e, muito especialmente aos assinantes, pelos erros cometidos pelos colaboradores que ela escolheu (muito mal!) para escreverem sobre o Fernando Pessoa, referindo, também, os erros, da maneiro clara como eu lhos apresentei.

Foi-me prometido que isso se farias, entretanto, no site da revista, mas até isso não foi cumprido, dando a entender que a direcção da revista pretende esconder tais erros, pouco lhe interessando a verdade dos factos.

Perante este suceder de factos lamentáveis para com o Poeta da “Mensagem”, não tive outra solução, para repor a verdade, do que usar este local, para o efeito.

De seguida apresento o texto que enviei para a direcção da revista, que me parece, por suficientemente claro, não necessitar de mais anotações.


NOVA ÁGUIA – Nº 7 – 1º SEMESTRE 2011

ERROS DE FACTO

1 – TRILEMA TRIDENTIDO
       De Carlos Manuel Pons Pinto Carreira  
       Pag. 15 linhas 13/15
                                     “...a Carlos Queirós (1907 –
            1949) o irmão de Ofélia amada de Fernando
            Nogueira Pessoa (1888 -1935)…”

Correcção : O Poeta Carlos Queirós era sobrinho da Ofélia, (Filho da irmã), namorada do Fernando Pessoa.
Ver – “Cartas de Amor de Fernando Pessoa
             Organização, prefácio e notas de David Mourão-Ferreira
             Edição Ática 
             Pag. 8, 2º Parágrafo, e
            “ Cartas de Amor de Ofélia a Fernando Pessoa”,
            Organização de Manuela Nogueira e Maria da
            Conceição Azevedo, Edição Assírio & Alvim,
            Pag. 23, 3º parágrafo.

2 - FERNANDO PESSOA: O SENTIMENTO LUSÓFONO NA SUA OBRA
      De Nuno Sotto Mayor Ferrão

  - 1      Pag. 35, 3º Parágrafo
            “… que o induziram a encontrar-se com o grande ocultista
            Alleister Crowley em Lisboa em Setembro de 1930….”

Correcção : O Mágico inglês veio a Lisboa conhecer o Fernando Pessoa por sua espontânea vontade, perguntando, até, por carta que data conviria ao Fernando Pessoa.

Ver – “Encontro Mágico seguido de Boca do Inferno”, Compilação e Considerações de Miguel Roza, Edição Assírio & Alvim,
             Pag. 71, último parágrafo.
             Ler a troca de correspondência entre os dois, que este livro contém.

  - 2   Pag 35,1ª coluna, 2º Parágrafo

         “ … tendo sido escrito ( A Mensagem)a pensar com o intuito de o apresentar a um concurso de poesia com que venceu o “Prémio Antero de Quental”,por instigação  de António Ferro…”( este parágrafo não está escrita em português!)

Correcção – O livro “Mensagem” foi escrita, pelo menos, durante 21 anos, sendo o mais antigo poema, - D. Fernando, Infante de Portugal -, datado de 1913 e publicada com o título original, - Gládio - na revista Athena, em 1924.  O poema “ O Mar Português”, foi publicado no Nº 4 da revista Contemporânea, em 1922. Por outro lado, o Poeta, datou, à mão, os  poemas, no original da 1ª Edição do livro, sendo o mais antigo, o referido atrás, - 21/7/1913 – e o mais    recente, - “Os Colombos” –  2/4/1934

                     Ver “Mensagem” Edição de Fernando Cabral Martins, Planeta D’Agostini, Pag. 94/95  e “Estranho Estrangeiro” de Robert Brechon, pag. 399, 1º Parágrafo      


    - 3   Pag. 36, 1ª Coluna, 1º Parágrafo
       
         “ Assim, embora Pessoa tenha publicado poucos livros em vida…”

Correcção – Fernando Pessoa publicou apenas um livro em vida, – “MENSAGEM” –,
                      em 1 de Dezembro se 1934.

3 –CARTA AO AMIGO POETA DESENCANTADO, SCRIB-DOR IMPENITENTE
      De Abel António de Guimarães Coelho
    
      - 1  Pag.63, 1ª coluna, 4º Parágrafo
         
            “ Sou dos que lamenta (m?) que você tenha morrido apenas com 57 anos.”
              

Correcção – Fernando Pessoa nasceu em 13 de Junho de 1888 e faleceu em 30 de Novembro de 1935. Com 47 anos, portanto.

      - 2  Pag. 64, 2ª Coluna, 3º Parágrafo

            “Modernamente chamar-lhes-íamos clones. (…)Você não conhece este neologismo científico mas ele existe e aplica-se a si.”

Correcção – Definição, segundo os dicionários:
                     CLONE  é um conjunto de células geneticamente idênticas que são todas descendentes de uma célula ancestral, podendo dar origem a um grande número de organismos iguais entre si.

                    Embora todos “descendentes de uma célula ancestral”, os Heterónimos citados (Campos,
Caeiro, Reis e Soares), não são “geneticamente idênticos” e, muito menos, “iguais entre si”.
                      Portanto, a palavra não “se aplica” aos Heterónimos do Fernando Pessoa.
                      E não é um neologismo, pois foi criada, em Inglaterra, há mais de um século.

    - 3  Pag. 64, 2ª coluna, 4º Parágrafo

               “O seu grande amigo João Gaspar Simões, escreveu…”

Correcção – O João Gaspar Simões nunca foi um “grande amigo” do Fernando Pessoa. Viu-o, vivo, uma vez, e  como director da revista “Presença”, acompanhado de um outro director, o José Régio, num encontro aprazado para um café da baixa lisboeta, - Montanha -, já inexistente, num domingo de Junho de 1930.
                     Cinco anos depois, assistiu ao funeral do Poeta. O resto são cartas, entre o Director da “presença”, em Coimbra, e o Poeta Fernando Pessoa, colaborador dessa revista, em Lisboa. Amigos, - o Mário de Sá Carneiro, o Armando Corte Rodrigues e o Augusto Ferreira Gomes.
                                  

                     Ver “Estranho Estrangeiro”, de Robert Brechon, pag 467, 2º parágrafo

     - 4  Pag. 65, 2ª Coluna, Parágrafo 2º

              

              “ Nas “Páginas de Doutrina Estética”, você enumera três tipos de maus críticos.”


Correcção – “Páginas de Doutrina Estética” é um livro, que foi editado pela “Ática” em 1964 (1ª edição),
livro esse que reúne diversos escritos do Fernando Pessoa, com selecção, prefácio e notas de Jorge de
Sena. Dos milhares de papéis que deixou na famosa arca, o Jorge de Sena escolheu uns tantos e uma                                          Empresa editou essa sua selecção. Portanto, o Fernando Pessoa “enumera três tipos de maus críticos”, num desses papéis, que por selecção de outrem, foi parar a um livro, a que esse
                      outrem, o Jorge Sena, deu um nome de “Páginas de Doutrina Estética”.


4 – O SER EM CONFLITO: ANÁLISE DAS OBRAS DE SÁ CARNEIRO E FERNANDO PESSOA
      De Gabriel Viviani de Sousa

 -  1  Pag. 85, 1ª Coluna, 1º Parágrafo

        “ Quando se lê (lêem ..?..) certos versos  de Pessoa, comparando-os aos do colega, chega-se mesmo a imaginar que, caso se atribuísse  a autoria ao outro, até o crítico especializado encontraria dificuldades de perceber o equívoco. Não pretendo começar aqui o debate de quem teria sido influenciado por quem”

Correcção: O Mário de Sá Carneiro, muito antes das suas “fugas” para Paris, publicou diversos livros de Contos e Novelas, - edições pagas pelo Pai, que sempre sustentou a vida do Filho e até pagou a edição dos dois números do “Orpheo” que saíram. Tentou o teatro, ainda no Liceu Passos Manual, mas sem continuidade. Sendo muito importante a correspondência que durante quatro anos mantiveram, – lamentavelmente desaparecida a mala do Sá Carneiro, que conteria as cartas que o Fernando Pessoa, lhe enviou, - a dúvida levantada no artigo sobre análise, só se pode manter por quem nunca tenha lido as cartas escritas pelo Sá Carneiro, - de que há diversas edições -,ou então as leu mal.
                   Com data de 3 de Maio de 1913, conta ao amigo que, “estava sentado na terrasse dum Café no Bol. dos Italianos (…) Pus-me a fazer bonecos num papel… e de súbito comecei a escrever versos…” Manda os versos ao Pessoa, escrevendo: “Francamente, rudemente, diga-me você o que isso vale.”
                   O facto relatado e o expor-se ao juízo de um Poeta por quem ele tinha uma enorme admiração, mostra quem é o Mestre e quem é o Discípulo. Tinha nascido um grande Poeta? Sim; é um facto. Poeta, a princípio inseguro, pedindo conselhos e críticas, chegando a pedir a opinião do Fernando Pessoa sobre qual das palavras, por que hesitava, deveria optar. E aceitando sempre a opinião do Amigo.
                   Uma coisa será, avaliar a dimensão do Poeta que nascera, outra fazer desse nascituro a origem da inspiração do Fernando Pessoa. A carta acima referida é um facto: o prosador Sá Carneiro, numa tarde de melancolia, deu com ele a escrever versos, - versos que ele colocou à apreciação do Fernando Pessoa, em termos que não deixam dúvidas sobre “quem teria sido influenciado por quem”.

Ver – MÁRIO DE SÁ CARNEIRO – CORRESPONDÊNCIA COM FERNANDO PESSOA, Edição de Teresa Sobral da Costa, para o Círculo dos Leitores, Volume I, Pág.87.


5 – CARLOS QUEIROZ: 62 ANOS APÓS O FALECIMENTO DE GRANDE POETA, AMIGO DE FERNANDO
      PESSOA
      De José Lança-Coelho

  - 1 – Pag. 139, 1ª Coluna, 2º Parágrafo

           “Diga-se ainda que a sua irmã, Ofélia Queiroz, foi, por duas vezes, a namorada do poeta dos heterónimos.”

Correcção – A Ofélia Queiroz era tia do Poeta Carlos Queiroz, – filho da Irmã.         



FERNANDO RANITO
9 DE JANEIRO DE 2012

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