segunda-feira, 24 de outubro de 2011

FAZ HOJE 94 ANOS





Quando está frio no tempo do frio, para mim é como se estivesse agradável,
Porque para o meu ser adequado à existência da cousas 
O natural é agradável só por ser natural.


Aceito as dificuldades da vida porque são o destino,
Como aceito o frio excessivo no alto do inverno -
Calmamente, sem me queixar, como quem meramente aceita,
E encontra uma alegria no facto de aceitar -
No facto sublimemente científico e difícil de aceitar o natural inevitável.


Que são para mim as doenças que tenho e o mal que me acontece
Senão o inverno da minha da minha pessoa e da minha vida?
O inverno irregular, cujas regras de aparecimento desconheço,
Mas que existe para mim em virtude da mesma fatalidade sublime,
Da mesma inevitável exterioridade a mim,
Que o calor da terra no alto verão
E o frio da terra no cimo do inverno.


Aceito por personalidade.
Nasci  sujeito como os outros a erros e defeitos,
Mas nunca ao erro de querer saber demais,
Nunca ao erro de querer compreender só com a inteligência,
Nunca ao defeito de exigir do mundo
Que fosse qualquer cousa que não fosse o mundo.


ALBERTO CAEIRO, 24 DE OUTUBRO DE 1917
  

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