MORS
Com teus lábios irreais de Noite e Calma
Beija o o meu ser confuso de amargura,
Com teu óleo de Paz e de Doçura
Unge-me esta ânsia vã que não se acalma.
Quantas vezes o Tédio pôs a palma
Sobre a minha cerviz dobrada e obscura;
Quantas vezes a onda da loucura
Me roçou as franjas pela alma.
Corpo da parte espiritual em mim,
Do que em mim não é senso e mutação
E se concebe como sem ter fim,
Põe carinhosamente a tua mão
Na minha fronte, até que eu seja afim
À tua inconsciente imensidão.
FERNANDO PESSOA, 27 DE JUNHO DE 1912
segunda-feira, 27 de junho de 2011
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