Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude.
Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo.
Que importa àquele a quem já nada
importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre,
Se cada ano com a primavera
Aparecem as folhas
E com o outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os
humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma?
Nada, salvo o desejo de indif'rença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
RICARDO REIS, 1 DE JUNHO DE 1916
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