De crisântemos, só crisântemos
A paisagem é só isto...
Os instintos (claros) que em nós
vemos,
Não são verdade, insisto...
A que distância estamos de nós!
Sei lá que eu sou!
Cose, costureira... No teu retrós
Há uma espécie de voo.
Não há nexo hoje em meu pensamento
Ando a bater
A todas as portas do sentimento
Sem esperar (que abram) ou ver.
E há nesta (...) uma vaga dor
E um incerto gozo
Vivo as sensações como num amor
Sensual ao ocioso
E como uma vela ao fundo do mar
Vejo a vida ir...
Da praia de mim vejo-a passar...
Tornará a vir?
FERNANDO PESSOA, 12 DE NOVEMBRO DE
1914
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