quarta-feira, 28 de junho de 2017

POEMA SEM DATA



Se já não torna a eterna primavera
Que sonhos conheci,
O que é que o exausto coração espera
Do que não tem em si?

Se não há mais florir das árvores feitas
Só de alguém as sonhar,
Que coisas quer o coração perfeitas,
Quando, e em que lugar?

Não: contentemo-nos de ter a aragem
Que, porque existe, vem
Passar a mão sobre o alto da folhagem
E assim nos faz um bem.


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RICARDO REIS SEM DATA

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