Estou cansado da inteligência.
Pensar faz mal às emoções.
Uma grande reacção aparece.
Chora-se de repente, e todas as tias
velhas fazem chá de novo
Na antiga casa da quinta velha.
Pára, meu coração!
Sossega, minha esperança factícia!
Quem me dera nunca ter sido senão o
menino que fui...
Meu sono bom, porque tinha
simplesmente sono e não ideias que esquecer!
Meu horizonte de quintal e praia!
Meu fim antes do princípio!
Estou cansado da inteligência.
Se ao menos com ela se percebesse qualquer
coisa!
Mas só percebo um cansaço no fundo,
como baixam na taça
Aquelas coisas que o vinho tem e
amodorram o vinho.
ÁLVARO DE CAMPOS, 18 DE JUNHO DE
1930
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