O teu olhar naufraga no horizonte
Plácida dama de eu não te
encontrar...
Entre os rochedos que há à beira-mar
Que o teu intermitente vulto aponte
E eu não mais amarei o mar e o monte
Senão através da hora de te achar...
Criança que ao mistério do luar
Enrosca as tranças no seu dedo
insonte...
Não tenhas o propósito de ter
Maneiras de viver... Deixa-te deter
Pela passagem casual das horas,
Deixa que elas te esculpam o perfil
Em saudades de um ser teu que
antechoras
E não tiveste... Ah, o luar de
abril!
FERNANDO PESSOA, 24 DE JUNHO DE 1914
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