No outono as horas que passam
Passam mais devagar
No outono as asas que esvoaçam
Parecem voar sem voar.
No outono o sorriso é tardo
Que as cousas tentam ter...
Mesmo esta ânsia erma em que ardo
Parece mal arder...
Só um lento desassossego
Só uma angústia vaga
Como de um país cego
Para o mar que o alaga.
Para o mar que ruge e esquece
Sobre as costas, (...)
E essa terra que o mar (...)
E sonha com ele tendo-o...
FERNANDO PESSOA, 17 DE OUTUBRO DE 1913
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