Sonho. Como uma asa que
tocasse
O onde estou, ou só o
vento viesse
Porque essa asa, rápida,
passasse,
O seu enleio assim se
tece.
Sonho. Não sei que sou,
nem o que fui.
Assim se sonha. Durmo
sem dormir;
E há como um rio que
indistinto flui
Entre eu pensar e eu
sentir.
E nesse rio como algas
mortas
Vai o que quis fazer de
quem eu sou...
Memórias, sonhos,
sombras, como, às portas,
Murcham as folhas entre
o pó.
FERNANDO PESSOA, 10 DE
OUTUBRO DE 1934
Sem comentários:
Enviar um comentário