O som do relógio
Tem a alma por fora,
É o pulso do ‘spço
Avisa e ignora.
Não sei que distância
Vai de som a som
Na fiel rssonâcia
Do ritmo bom.
Mas oiço de noite
A sua presença
Sem ter onde acoite
Meu ser sem ser.
É o tempo parado
Falando a passar
Tardando, tardando
Tentado tardar
Tanta tentativa
De tudo (…)
Na noite perdida
No meio do nada
Ten voz tão crescida
Que fala (…)
Parece dizer
Sempre a mesma coisa
Como o que se sente
E se não repousa.
FERNANDO PESSOA, 26 DE JUNHO DE 1929
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