Por mais que tente, não me
desembrulho.
Há qualquer coisa de confuso em mim.
Lá pela a confusão não dar barulho,
Não quer dizer que lhe não seja
afim.
Na noite informe ao luar brilha o
jardim.
O mar ao longe dorme o seu marulho.
Que quieto é tudo! Como até o
orgulho
De poder ser alguém aqui tem fim!
Como nesta nocturna quietação
Tudo se acalma e até se desconhece
No fundo ignoto do ermo coração.
Ah, com que quantidade tudo esquece!
Como tudo é silêncio e confusão
Onde só o som das árvores estremece!
FERNANDO PESSOA, 31 DE DEZEMBRO DE
1932
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