terça-feira, 23 de abril de 2019

POEMA SEM DATA




Se já não torna a eterna primavera
         Que em sonhos conheci,
O que é que o exausto coração espera,
          Do que não tem em si?

Se não há mais florir de árvores feitas
           Só de alguém as sonhar,
Que coisas quer o coração perfeitas,
            Quando, e em que lugar?

Não: contentemo-nos com ter a aragem
             Que, porque existe, vem
Passar a mão sobre o alto da folhagem
              E assim nos faz um bem.

RICARDO REIS, SEM DATA





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