O a quem tudo é negado
Tem o mundo por fado,
O a quem ninguém ama
Tem a vida por chama
Esse a quem tudo
falta,
Por baixo, a alma é
alta.
São muitos os
caminhos
E alheios os
vizinhos!
São largas as
estradas
E as distâncias
erradas,
Mas sempre sobra à
alma
A fé que a faça
calma.
Assim, sem espada ou
lança,
Vou, como uma
criança!
Pela estrada cantando
Porque vou confiando.
Vou sem medo e sem
frio
Não sei em que
confio.
FERNANDO PESSOA, 25
DE MAIO DE 1934
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