Cada dia é tão só-um!
Dura tão pouco e arde
tanto!
Quanto mais de mim me
espanto
Mais o tédio (…)
Trabalha tudo. Aqui
perto
Batem chapas, há
motores...
E eu olho as casas, e
as cores
São para mim, neste
incerto
Modo de olhá-las, quasi entes
Isolado de onde
estão...
Tudo toma uma
expressão
De a si-próprias
inerentes.
Tudo existe com mais força
Que é dado existir as
cousas.
Encosto-me a mim e
ociosas
Correm-me as horas.
Que torça
Minhas doloridas mãos...
Nada creio cousa ou
vida
Só a arte e (…)
FERNANDO PESSOA, 17
DE MAIO DE 1913
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