Com que vida encherei os poucos breves
Dias que me são
dados? Será minha
A minha vida ou dada
A outros ou a
sombras?
À sombra de nós mesmos quantas vezes
Inconscientes nos
sacrificamos,
E um destino
cumprimos
Nem nosso nem alheio!
Porém nosso destino é o que for nosso,
Quem nos deu o acaso,
ou, alheio fado,
Anónimo a um anónimo,
Nos arrasta a
corrente.
Ó deuses imortais, saiba eu ao menos
Aceitar sem querê-lo,
sorridente,
O curso áspero e duro
Da strada permitida.
RICARDO REIS, 5 DE MAIO DE 1925
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