Quem com meu nome é obsceno nas paredes?
A sucessão das horas imprevistas
Não me traz novas das horas nunca vistas,
E os pescadores vão tirar as redes…
Mercê do ocaso, no mar calmo há paz,
Mas o cansaço que nos toma dói.
Vida do mar? Matinas do herói?
Quem me leva tudo isso, ou me lo traz?
Tinta entornada do poema sonho...
A ficção morta na estouvada mente,
E um pouco de fugaz e inconsequente
No seguimento paralítico do sonho...
FERNANDO PESSOA, 31 DE MAIO DE 1927
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