Doura o dia. Silente, o
vento dura.
Verde as árvores, mole a
terra escura,
Onde flores, vazia a
álea e os bancos.
No pinhal erva cresce
nos barrancos.
Nuvens vagas no pérfido
horizonte.
O moinho longínquo no
ermo monte.
Eu alma, que contempla
tudo isto,
Nada conhece e tudo
reconhece.
Nestas sombras de me
sentir existo,
E é falsa a teia que
tecer me tece.
FERNANDO PESSOA, 24 DE
SETEMBRO DE 1923
Sem comentários:
Enviar um comentário