A névoa sobe à tona
irreal da Hora,
Desfolha, cousa a cousa,
a Nitidez...
Alheia a mim, em mim
minha alma chora
Saudosa de uma ausente
eterna aurora,
E sente-se penumbra e
fluidez.
Eu quem sou? Névoa (...)
que não se torna
Realidade à sua própria
dor...
Olho minha alma... Nada
(...) a contorna,
E sobre a mim a Tarde
mais entorna
Seu diluído sonho
exterior...
Pesa-me nos ombros todo
o meu passado;
Sou o que fui
sentindo-se o que sou...
FERNANDO PESSOA, 25 DE
SETEMBRO DE 1932
Sem comentários:
Enviar um comentário