AGUARELA DO BEM ESTAR
Tudo era campo, menos a
minha alma...
Passam balouços no meu
olhar...
Crianças (branco) a
balouçar
Em curvas aquém da tarde
calma...
'Scondem-se os guizos...
E é campo ainda
Salvo onde há vidas ou
mar (azul).
Um riso paira de calma e
sul
Teu gesto aquela que te
sonho alinda...
Aves (incerto)... Flores
por vir...
Bancos sob árvores ao
longe outrora...
Não passa nada salvo
ouro na hora...
Fecho os meus olhos e há
em mim sorrir...
Lápis-lazáli do teu
encanto...
Janela aberta (cortina
ao vento)
Para o ar livre vem meu
pensamento...
E eu dei às cousas meu
régio manto...
FERNANDO PESSOA, 10 DE
MAIO DE 1916
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