Teias de horror na falsa aragem
A aranha do abismo tece...
O luar não mostra; e a folhagem
É do meu medo que estremece.
Mas ergue-se do fim do abismo
O medo e a máscara do dia...
A esfinge ao fim da fantasia.
Gnomos ou elfos feios fazem
Pavor entre o ar e o arvoredo?
Como uma laje os luares jazem,
Jazem do fundo do meu medo.
Que manhã ou clarim ou riso
Despertará o bosque mudo?
Meu medo faz tudo impreciso.
Meu sonho faz meu medo tudo.
FERNANDO PESSOA, 7 DE OUTUBRO DE
1930
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