Nada... Passaram as nuvens e eu
fiquei...
No ar limpo não há rasto.
Surgiu a lua de onde já não sei,
Num claro luar vasto.
Todo o espaço da noite fica cheio
De um peso sossegado...
Onde porei meu futuro, e o enleio
Que o liga ao meu passado?
E o grande céu é puro
Mas não há onde estou
Mais que a vereda onde eu, obscuro,
Arrasto quem não sou.
FERNANDO PESSOA, 25 DE OUTUBRO DE
1933
Sem comentários:
Enviar um comentário