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Há tanto tempo que não sou capaz
De escrever um poema extenso!.
Há anos...
Perdi a virtude do desenvolvimento
rítmico
Em que a ideia e a forma,
Numa unidade de corpo com alma,
Unanimemente se moviam...
Perdi tudo que me fazia consciente
De uma certeza qualquer no meu
ser...
Hoje o que me resta?
O sol que está sem que eu o
chamasse...
O dia que me não custou esforço...
Uma brisa, ou a festa de uma brisa,
Que me dão uma consciência do ar...
E o egoísmo doméstico de não querer
mais nada.
Mas, ah!, minha Ode Triunfal,
O teu movimento rectilíneo!
Ah, minha Ode Marítima,
A tua estrutura geral em estrofe,
antístrofe e épodo!
E os meus planos, então, os meus
planos -
Esses é que eram as grandes odes!
E aquela, a última, a suprema, a impossível!
ÁLVARO DE CAMPOS, 9 DE AGOSTO DE
1934
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