Cegaram os meus olhos para eterno
O olhar... E pelas urzes e giestas
Roçam a sua franja o haver festas
Longínquas. E o céu vago é triste e
terno...
Quantos de nós não fazem céu e
inferno
Dos vivos dóceis da sua vida
arestas...
E as clarabóias luzem porque há
festas
(Pálido o aspecto do teu rosto
terno...)
Se pela escadaria em pedra e louco
Não houvesse outros precipícios que
a Hora
Visível, pobre do que sente pouco...
(E verdadeiramente com ócio oco
Dorme como um triste que nunca chora
De encontro ao trono casual do
Agora...)
FERNANDO PESSOA, 3 DE JUNHO DE 1914
Sem comentários:
Enviar um comentário