Em dias leves, sonolentos,
Por violentos e esbatidos
(Carícias as antigas) ventos
Contra portões adormecidos,
Perdidos gritos, sim, gemidos
Dos meros ecos friorentos.
E em congruência com a esfinge
Que de cansaço e de demora,
Sombra de abraço agora, tinge
A cor de dor fora da Hora,
Ergue olhos d'ódios, pára e chora
E o seu pranto meu espanto atinge.
Nexos sangrentos por opalas
Que um tédio-névoa em nós seduz
No eco vão das tuas falas'
E tudo se reduz a luz.
Puseram teu nome na cruz
Pelo incenso que nele exalas.
FERNANDO PESSOA, 15 DE JUNHO DE 1915
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