Felizes, cujos corpos sob as árvores
Jazem na húmida terra,
Que nunca mais sofrem o sol, ou
sabem
Das doenças da lua.
Verta Éolo a caverna inteira sobre
O orbe esfarrapado,
Lance Neptuno, em cheias mãos, ao
alto
As ondas estoirando.
Tudo lhe é nada, e o próprio
pegureiro
Que passa, finda a tarde,
Sob a árvore onde jaz quem foi a
sombra
Imperfeita de um deus,
Não sabe que os seus passos vão
cobrindo
O que podia ser,
Se a vida fosse sempre a vida, a
glória
De uma beleza eterna.
RICARDO REIS, 1 DE JUNHO DE 1916
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