OXFORDSHIRE
Quero o bem, e quero o mal, e afinal
não quero nada.
Estou mal deitado sobre a direita, e
mal deitado sobre a esquerda
E mal deitado sobre consciência de
existir.
Estou universalmente mal,
metafisicamente mal,
Mas o pior é que me dói a cabeça.
Isso é mais grave que a significação
do universo.
Uma vez, ao pé de Oxford, num
passeio campestre,
Vi erguer-se, de uma curva da
estrada, na distância próxima
A torre-velha de uma igreja acima de
casas da aldeia ou vila.
Ficou-me fotográfico este
acontecimento nulo
Como uma dobra transversal
escangalhando o vinco das calças.
Agora vem a propósito...
Da estrada eu previa espiritualidade
a essa torre de igreja
Que era a fé de todas as eras, e a
eficaz caridade.
Da vila, quando lá cheguei,a torre
da igreja era a torre da igreja,
E, ainda por cima, estava ali.
É-se feliz na Austrália desde que lá
se não vá.
ÁLVARO DE CAMPOS, 4 DE JUNHO DE 1931
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