Debaixo de onde altos ramos
Fazem grande o arvoredo
Solitariamente vamos
Num colóquio que calamos,
Cada um com seu segredo.
Falam por nós, que, calados,
Seguimos mútuos e lentos,
Os altos ramos falados
Por ventos desencontrados
Com os nossos pensamentos.
Vamos e achamos que é uma
A dupla emoção que temos.
Os ramos têm som de espuma.
O som tem ondas de bruma.
A emoção? Já a esquecemos...
FERNANDO PESSOA, 25 DE AGOSTO DE
1934
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