Passava eu na estrada
pensando impreciso,
Triste à minha moda.
Cruzou um garoto,
olhou-me, e um sorriso
Agradou-lhe a cara toda.
Bem sei, bem sei:
sorriria assim
A um outro qualquer.
Mas então sorriu assim
para mim...
Que mais posso eu
qu'rer?
Não sou nesta vida nem
eu nem ninguém,
Vou sem ter prazo...
Que ao menos na estrada,
me sorria alguém
Ainda que por acaso.
FERNANDO PESSOA, 22 DE
ABRIL DE 1928
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