Deve chamar-se tristeza
Isto que não sei que seja
Que me inquieta sem surpresa,
Que nem chora nem deseja.
Sim, tristeza - mas aquela
Que nasce de conhecer
Que ao longe está uma estrela
E ao perto está não a ter.
Seja o que for, é o que tenho.
Tudo mais é tudo só.
E eu deixo ir o pó que apanho
De entre as mãos cheias de pó.
FERNANDO PESSOA, 19 DE AGOSTO DE 1930
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