Não digas nada!
Não, nem a verdade!
Há tanta suavidade
Em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ser...
Não digas nada!
Deixa esquecer
Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ver quem me agrada...
Mas ali fui feliz…
Não digas nada.
FERNANDO PESSOA, 23 DE AGOSTO DE 1934
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