quinta-feira, 13 de setembro de 2012
FAZ HOJE 80 ANOS
Depois que o som da treva, que é não tê-lo,
Passou, nuvem obscura, sobre o vale
E uma brisa afastando meu cabelo
Me diz que fale, ou me diz que cale,
A nova claridade veio, e o sol
Depois, ele mesmo, e tudo era verdade.
Mas quem me deu sentir e a sua prole?
Quem me vendeu nas hastas da vontade?
Nada. Uma nova obliquação da luz,
Interregno factício onde a erva esfeia.
E o pensamento inútil se conduz
Até saber que nada vale ou pesa,
E não sei se isto me ensimesma ou alheia.
Não sei se é alegria ou se é tristeza.
FERNANDO PESSOA, 13 DE SETEMBRO DE 1932
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário