Sol de inverno triste e frio
Embora claro e coitado,
Ao meu coração vazio
Não dás mais que alheio agrado...
Agrado de se estivesse
Em outra parte, ou de ser
Alguém outrem que tivesse
A dita que não sei ter.
Claro, e um pouco matinal
Ainda que no auge do dia,
Fazes-me bem, fazes mal...
Mal bom, bem sem alegria.
Lá fora talvez onde há
O pleno azul que é o céu,
Alguém por seu te terá.
Eu nem te tenho por meu.
FERNANDO PESSOA, 23 DE DEZEMBRO DE
1931
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