As tuas mãos terminam em segredo.
Os teus olhos são negros e macios
Cristo na cruz os teus seios esguios
E o teu perfil princesas no
degredo...
Entre buxos e ao pé de bancos frios
Nas entrevistas alamedas, quedo
O vento põe seu arrastado medo
Saudoso a longes velas de navios.
Mas quando o mar subir na praia e
for
Arrasar os castelos que na areia
As crianças deixaram, meu amor,
Será o haver cais num mar
distante...
Pobre do rei pai das princesas feias
No seu castelo à rosa do Levante!
FERNANDO PESSOA, 24 DE JUNHO DE 1914
Sem comentários:
Enviar um comentário