Argumentos em vão.
Distraído, certo, bate
Por trás do nosso debate
O coração.
Sei bem que gostas de mim,
Sabes bem quanto te quero,
E argumentamos assim,
No tom arrastado e insincero
De quem fala só de cousas
Que nada têm connosco,
Como quem com mãos ociosas,
Num gesto alheado e manso,
Limpa o pó de um manipanso
Santo e tosco.
FERNANDO PESSOA, 2 DE NOVEMBRO DE
1935
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