Perdi-te quando me
encontrei...
Não quis a vida que me
deram...
Nossos beijos de outrora
eram
Segundo uma divina
lei...
Aparecias entre véus...
Passavas entre o trigo e
a tarde...
Inda no meu coração arde
O poente que nos dera Deus...
Deixa que eu peça a Deus
por ti
Para que venhas algum
dia
Quando a vida estiver
vazia
E eu chore o muito que
vivi.
Então talvez de entre
palmeiras
Tua presença abra em
flor
Caminharás no meu amor
Como uma brisa por
bandeiras.
Água nas cascatas desfeitas
Do meu sorriso
enternecido...
Serás o íntimo sentido
Das nossas horas mais
perfeitas...
Lua subindo no horizonte
Da minha imagem de ti
A tua vida estrelas e
Tantas estrelas que em
vão conte.
Em teu torno, halo
misterioso,
Sete planetas com anéis...
Seguindo como (...)
fiéis
O teu advento
silencioso.
E a vida longe, como um
belo
Manto deixado em
desvario...
Nós indo p'ra o Castelo
Esguio
E Deus saliente do
Castelo.
FERNANDO PESSOA, 24 DE
FEVEREIRO DE 1915
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