E o esplendor dos mapas, caminho
abstracto para a imaginação concreta,
Letras e riscos irregulares abrindo
para a maravilha.
O que de sonho jaz nas encadernações
vetustas,
Nas assinaturas complicadas (ou tão
simples e esguias) dos velhos livros.
(Tinta remota e desbotada aqui
presente para além da morte,
Ó enigma visível do tempo, o nada
vivo em que estamos!)
O que de negado à nossa vida
quotidiana vem nas ilustrações,
O que certas gravuras de anúncios
sem querer anunciam.
Tudo quanto sugere, ou exprime o que
não exprime,
Tudo o que diz o que não diz,
E a alma sonha, diferente e
distraída.
ÁLVARO DE CAMPOS, 14 DE JANEIRO DE
1933
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