Começa, no ar da antemanhã
A haver o que vai ser o dia.
É uma sombra entre as sombras vã,
Mais tarde, quente, é a manhã.
Agora é nada, noite e fria.
É nada, mas é diferente
Da sombra em que a noite está;
E há nela só a nostalgia
Não do passado, mas do dia
Que é afinal o que será.
FERNANDO PESSOA, 12 DE SETEMBRO DE 1934
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