TOMÁMOS A VILA DEPOIS DE INTENSO BOMBARDEMENTO
A criança loura
Jaz no meio da rua.
Tem as tripas de fora
E por uma corda sua
Um comboio que ignora.
A cara está um feixe
De sangue e de nada.
Luz um pequeno peixe -
Dos que bóiam nas banheiras -
À beira da estrada.
Cai sobre a estrada o escuro,
Longe, ainda uma luz doura
A criação do futuro...
E o da criança loura?
FERNANDO PESSOA, 21 DE JUNHO DE 1929
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